No dia 31 de outubro de 2024, o município de Tamboril-CE celebrou as conquistas educacionais durante o seminário de Educação Contextualizada para a Convivência com o Semiárido. Com o tema “17 Anos de Educação Contextualizada: Entre Memórias, Desafios e Perspectivas” um momento importante de reflexão, sobre a história de luta e resistência dessa educação que é feita pelo povo e para o povo do semiárido. Pensada a partir da construção de um ensino baseado no diálogo constante e com as necessidades de cada indivíduo.

O debate sobre a educação contextualizada surgiu em 2007, quando em uma mesa de negociação no assentamento Monte Alegre, educadores/educadoras, lideranças comunitárias e sindicais se reuniram pela primeira vez para debater a necessidade desse modelo de ensino. Nesse sentido entendeu-se a exigência de que a educação deveria respeitar/dialogar com a realidade do semiárido, valorizando a cultura e a sabedoria que emergem nas adversidades. Foram sete anos de debates intensos, de encontros e reencontros, onde desafios foram enfrentados na busca por caminhos que tornassem essa educação uma política pública.

A lei que oficializou a educação contextualizada para convivência com o semiárido, enquanto Política Pública, foi aprovada em novembro de 2014. A data se consolidou como um momento histórico para a educação no semiárido.

Sobre o evento

A Secretaria de Educação do Município de Tamboril, em parceria com a Cáritas Diocesana de Crateús e a We Wolrd GVC Brasil, realizou na Câmara Municipal o Seminário alusivo aos 17 anos de Educação Contextualizada no município. Durante o evento, as instituições de ensino compartilharam as vivências educacionais de uma educação pautada na contextualização, a partir das ações da Campanha SaD (Solidariedade à Distância), financiada pela We Word GVC Brasil, com apoio de doadores italianos/italianas. Esse espaço foi denominado “Colhendo Frutos da Solidariedade”, em que cinco escolas — EMEF Francisco de Assis Gomes Rufino, EMEF 4 de Outubro, EMEF Expedito Mendes Chaves, EMEF Julieta Alves Timbó e EMEF General Sampaio — encantaram a todos com apresentações de músicas, danças, cordel, contação de história, mostrando o impacto e a beleza de uma educação que floresce da terra e da cultura local.

“Foi um momento de orgulho e emoção ver as crianças e jovens compartilhando aprendizados enraizados na solidariedade e no conhecimento que valoriza a vivência do semiárido”, destaca Gabrielle Galvão, coordenadora municipal da Educação Contextualizada.
O seminário contou com a presença de diversas lideranças e representantes que têm contribuído para a trajetória da educação contextualizada em Tamboril. Participaram o secretário de educação, Fábio Peres; o secretário de gestão da educação, Neto Alves; o secretário executivo da educação, Aldenir Coriolano; gestores das 34 escolas municipais; representantes do corpo docente, discente e familiares; a historiadora Graças Farias, figura importante na consolidação desta luta. Também marcaram presença representantes da comunidade Quilombola do Bom Jardim; membros da Cáritas Diocesana de Crateús e da We World/GVC Brasil, além da equipe do Núcleo de Atendimento Especializado e as/os formadoras/formadores do Programa de Aprendizagem na Idade Certa (PAIC), todos/todas unidos/unidas em um propósito comum: valorizar e fortalecer a educação que dialoga com o semiárido e enriquece a vida dos estudantes e de toda a comunidade.

A professora do IFCE Campus Crateús, Ana Mirta Alves Araújo, foi convidada para aprofundar e trazer a reflexão sobre os desafios e as perspectivas da Educação Contextualizada para a convivência com o semiárido no município de Tamboril. Em sua fala, lembra que esta educação é símbolo de luta e resistência e como tal caminha na contramão do sistema e representa o sonho de construção de uma outra sociedade.

Este seminário é mais que uma celebração: é a renovação do compromisso com a educação de Tamboril. Ao relembrarmos os 17 anos de lutas e conquistas, honramos todos aqueles que, desde o assentamento Monte Alegre até os dias de hoje, acreditaram na força de uma educação feita de mãos dadas com a nossa história.

Olhamos para o futuro com esperança, certos de que os frutos dessa jornada continuarão a germinar, levando adiante a semente de uma educação transformadora, solidária e verdadeiramente contextualizada.