“Dar graças pelo passado, pela fé que nos conduz, de mãos dadas com pastores, olhos fixos em Jesus”

A Diocese de Crateús completou no dia 09 de agosto de 2024, 60 anos de evangelização, nesta Igreja presente no Território de Crateús e Inhamuns. Foi uma linda celebração Jubilar neste chão de profecia, onde fizemos memória, revivendo o nascimento desta Igreja em tempos desafiadores, de ditadura militar, onde teve que ser, com o povo, resistência. Seu nascimento foi alimentado pela Palavra de Deus, pelo sopro do Espírito Santo, vindo do Concílio Vaticano II e da América Latina, que enfrentava as mesmas violências, e pela opção corajosa e profética de seu primeiro Bispo Dom Antonio Batista Fragoso, que escolheu como lema para iluminar sua missão de pastor: “É necessário trazê-las também”, se propondo a fazer da Diocese de Crateús uma Igreja Popular e Libertadora, a partir da vida sofrida dos povos deste sertão.

 Durante este dia 09 de agosto, ouvimos a história da Diocese, que como pedacinhos de tecidos coloridos foram se costurando para formar uma linda colcha de retalho. São os “retalhos de nossa história, bonitas vitórias”, contada com muita criatividade, onde pudemos contemplar os frutos doces e amargos, as lutas e conquistas do povo que faz nossa Igreja, reafirmando quando cantamos com entusiasmo em seus 25 anos: “Nessa Igreja eu acredito, faço meu ato de fé, porque sei o que ela pensa, porque sei o que ela quer”.

 A presença de cada Paróquia, Área Pastoral, Comunidades, Pastorais, Grupos, Associações, Movimentos, Entidades, Instituições, Cáritas Diocesana com suas representações e os visitantes: Bispos, padres, religiosas, seminaristas, leigos e leigas que vieram celebrar com toda Diocese este Jubileu, deu o tom de uma Igreja rede de comunidades. Quantos rostos, quantas memórias, quanta emoção e gratidão! Ao irmos costurando os retalhos da história, fomos motivados/as como nos lembra a Oração preparada para o Ano Jubilar: “… manter com gratidão a memória do passado, ressignificar o presente com alegria e vislumbrar o futuro com esperança…” A presença significativa de cada pessoa: jovens, adolescentes, crianças e adultos, foi a resposta do quanto foi, e ainda é importante a caminhada da Diocese para cada um/a, e de como fomos firmando os pés nesse chão cearense, para seguirmos firmes no caminho, avançando para as águas mais profundas, inspirados pelo lema de nosso segundo Bispo, Dom Jacinto Furtado de Brito Sobrinho: “Senhor, por Tua Palavra, lançarei as redes”, confirmando o seguimento a Jesus, no anúncio do seu Reino de liberdade, de justiça e paz. No Jubileu dos 50 anos cantamos com determinação que: “há um barco, uma rede, uma pesca, águas fundas pra gente enfrentar, com Jesus lá margem fartura, há um Reino a se concretizar”.

 A tarde estava quente, como é próprio do clima do semiárido, cuja convivência fomos aprendendo ao longo desses 60 anos, com a contribuição de tantas pessoas: Bispos, padres, religiosos, religiosas, leigos e leigas que foram nos ajudando a compreender, a tomar consciência de que este território é um lugar sagrado e de vida em abundância. Aprendemos através das diversas formações, das escolas populares, de fé e vida, da educação com a pedagogia de alternância, da educação contextualizada, das análises de conjuntura sobre a realidade e contexto, no qual a Diocese está inserida.

Misturando o calor de Crateús e o calor humano, no espaço do Ginásio Deromi Melo, ao longo da contação da história, fomos embalados/as pelo som de muitas canções, composições de Zé Vicente, a maioria nascida nestas terras diocesanas. Ele e os jovens da Pastoral da Juventude de algumas paróquias, animaram este dia. Fomos contemplando e nos envolvendo nesta contação de história, da qual somos parte.

A diocese é uma senhora de 60 anos, que vivenciou muitas coisas, aprendeu e ensinou e com sabedoria foi aprimorando o jeito de Ser Igreja, mantendo-se fiel ao Evangelho, com o coração aquecido, não deixando apagar a chama da fé e da esperança que foi colocada por Deus em seu coração, ao longo destes anos. Mas como uma mãe que acolhe com o mesmo amor seus filhos/as, também acolhe a todos e todas com seus diversos dons, pois cada pedaço de tecido, cada retalho se faz importante para formar a ‘grande’ colcha.

Contar uma história não é fácil, corre-se o risco de esquecer fatos importantes, ou até aumentar, mas Fatinha Veras e Padre Marcelo foram fiéis ao representar toda uma equipe que sistematizou a linda memória histórica da Diocese de Crateús.

Ao final, a colcha não ficará pronta, como nos lembra a poesia “E a melhor parte é que nunca estaremos prontos, finalizados… Haverá sempre um retalho novo para adicionar à alma”, para deixar completa a desafiante, porém bela, a caminhada diocesana. A nós cabe dizer como nosso terceiro Bispo Dom Ailton Menegussi: “Basta-me Tua Graça” e com o coração cheio de gratidão e envolvidos/as pela emoção vivenciadas nesse dia que teve início com a Oração do Oficio na Igreja Imaculada Conceição, Padroeira da Diocese, render graças a Deus na Eucaristia, celebrada após uma caminhada do Ginásio até a Catedral Senhor do Bonfim, reafirmando que somos uma “Igreja em saída, somos sal e somos luz”.

 A Igreja diocesana nasceu no meio de um povo solidário, que partilha as dores e as alegrias. Sendo assim, a partilha de um lanche reforçado foi necessária para fortalecer o corpo, para participar com disposição da Celebração Eucarística.

 Nosso compromisso é continuar a caminhada, acreditando e professando a nossa fé nesta Igreja, guardando na memória a gratidão, vivenciado com alegria o presente, sendo construtor/a também desta história, porque: “Em Cristo, vocês também são integrados nesta construção” (Ef 2,22) e continuar vislumbrando o futuro com esperança.