
Três dias, mais de 1000 km percorridos, 10 municípios, muita troca e aprendizado. Assim foi a formação modular “Construindo relações igualitárias, solidárias, na vivência do bem viver” que a equipe do Projeto “Pescadoras e pescadores artesanais construindo o bem viver” realizou, na última semana de abril, nos municípios: Crateús, Quiterianópolis, Tauá, Aiuaba, Arneiroz, Novo Oriente, Independência, Ipaporanga, Catunda e Tamboril.
O tema da Formação Modular foi o Bem viver. E o que é bem viver? Pescadoras e pescadores tentaram responder a essa pergunta pensando no seu cotidiano e o que acreditam ser uma vida de qualidade. Porém, falar sobre a vida do dia a dia, sobre as coisas que são importantes, sobre preocupações e prioridades, não é uma tarefa fácil. Especialmente se o seguro defeso que esperam há três meses ainda não chegou. Restabelecer um clima de confiança e de esperança para estimular conversas construtivas foi o primeiro passo para começar as atividades.
Houve tempo para dialogar sobre a importância de um momento corriqueiro, como uma reunião que pode representar um espaço de construção coletiva do bem viver. Houve tempo para refletir o que quero para minha vida em comunidade e para pescadoras e pescadores artesanais. O pescador Antônio Cardoso de Mesquita, de Independência disse que o “bem viver é este momento de formação, estar junto, compartilhar, podemos ter o bem viver e não ter coisas materiais”.

Para a Irmã Silva Neide Rodrigues Pereira, o bem viver não se mede pela quantidade de coisas que uma pessoa tem e sim pela qualidade de vida. “Ser feliz não significa ter. Bem viver está na lógica do diálogo e do respeito”. Irmã Silvia acredita que o compartilhar, a troca a reflexão coletiva enriquece as comunidades e fortalece as pessoas para construírem uma vida melhor e mais digna.
A formação modular ainda foi um espaço para refletir sobre as consequências dos nossos atos no planeta e o que temos feito para viver em harmonia com a natureza. “Não é Deus que não faz chover, os desmatamentos e o uso de venenos impactam negativamente para a falta de água” falou Irmã Erbênia, colaboradora na formação modular.
O filho da pescadora Rose e do pescador Valdir, Roniel da Silva, disse que “as formações são importantes para conhecer mais e não só ficar na lida do dia a dia, é preciso se informar para ter um bem viver”. Roniel sonha em seguir os passos dos pais e quer ser pescador artesanal.
A Formação modular “Construindo relações igualitárias, solidárias, na vivência do bem viver” semeou a esperança de mundo melhor nas comunidades e a certeza de que o conhecimento é o caminho para o bem viver. “Bem viver é poder ter melhores condições para pescar, um processo político mais justo e ter conhecimento para lutar por nossos direitos”, falou a pescadora Maria Auciliene Da Silva, de Tauá.
O Projeto “Pescadoras e pescadores artesanais construindo o bem viver” é realizado pela Cáritas Diocesana de Crateús, com parceria do CPP, Conselho Pastoral dos Pescadores e CISV e é co-financiado pela União Europeia.