
“Andar com fé eu vou que eu a fé não costuma faiá”. Embalados com o sucesso de Gilberto Gil Andar com Fé, pescadoras e pescadores artesanais do nordeste brasileiro chegaram para o I Seminário Interestadual de Articulação de pescadoras e pescadores de águas continentais do semiárido brasileiro. Esta foi a primeira vez que pescadoras e pescadores de água doce e do mar se reuniram em um espaço de discussão e articulação política.
Como a música de Gilberto Gil diz: “andar com fé eu vou que eu a fé não costuma faiá”, pescadores e pescadoras alimentaram a alma de fé e esperança para continuar na resistência e luta por reconhecimento e direitos dentro da categoria da pesca artesanal. Como Dona Maria do Socorro Machado Sousa, de Independência – CE que se animou em ver a união dos pescadores e pescadoras: “são meu irmãos, amigos, parceiros. Sou pescadora e tenho orgulho de ser, mesmo sendo uma classe discriminada. Me anima ver meus companheiros e companheiras nesta união para lutar por nossos direitos e reconhecimento da pesca artesanal”.
Durante o seminário, pescadoras e pescadores compartilham experiências, conheceram novas dinâmicas de vida, conversaram sobre como é a vida na pesca no nordeste brasileiro. Mais de 100 pescadores e pescadoras estiveram presente em Crateús para participar do seminário. Teve gente do Sergipe, Alagoas, Bahia, Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Ceará e Pernambuco.
Para a coordenadora nacional do CPP, Conselho Pastoral de Pescadores, Ormezita Barbosa de Paulo, o seminário foi um momento importante porque juntou vários pescadores e pescadoras de águas continentais de varias partes do nordeste e este momento foi de partilha das realidades. “No seminário conseguimos ver como as diversas realidades têm pontos em comum e esta perspectiva das realidades nos ajuda e pensar juntas e juntos ações de enfrentamento de intercâmbio, porque têm lugares que estão resistindo e construindo suas vidas, sua própria realidade com a pesca”, afirmou. Ormezita ainda expressou que ela sentiu a motivação das pessoas e que o seminário foi o primeiro passo para começar uma grande articulação: “o seminário inaugurou esta articulação da pesca artesanal, nosso desafio é fomentar esta articulação e união da pesca artesanal”.

A pescadora do Maranhão, Ana Ilda Ferreira se sentiu contente em participar do seminário. “É uma experiência nova, a cada encontro que a gente se reúne, com cada Estado do nordeste, vamos aprendendo o jeito de viver deles, e sabendo que não é tão diferente do nosso. Temos as mesmas dificuldades, os mesmos desafios”, pontuou. Ana Ilda avaliou que o seminário foi proveitoso e um momento de muita troca. “Vimos cada realidade, as dificuldades e as limitações. É uma grande bagagem que a gente vai levar daqui, espero que consigamos fazer outros momentos como este, porque a gente aprende, a gente pensa que não ensina mas também ensina o que a gente vive”, finalizou.
O seminário foi uma realização do Projeto “Pescadoras e Pescadores artesanais construindo o bem viver” dentro da programação da XIV Feira da Agricultura Familiar e Economia Popular Solidária. O Projeto “Pescadoras e Pescadores artesanais construindo o bem viver” é executado pela Cáritas de Crateús em parceria com a CISV e o CCP, Conselho pastoral dos Pescadores e tem o co-financiamento da União Europeia.
Por: Anita Dias
Foto: Lorenza Strano e Gladson Caldas