
“Sou um ser das águas, nasci para me jogar, fazer uso das redes e minhas tarrafas lançar. Busco os meus direitos, quero apenas o respeito de ser pescadora ou pescador e poder pescar”. – Angela Maria – Voluntária do Projeto Pecsadoras e pescadores artesanais construindo o bem viver
Esperança foi a palavra chave da roda com conversa sobre o cenário da pesca artesanal no Brasil realizada na quarta-feira com pescadoras e pescadores artesanais na Cáritas de Crateús. O encontro teve o objetivo de escutar pescadores e pescadoras sobre os desafios enfrentados e a partir daí identificar ações para suprimir as demandas.
“Foi um momento muito produtivo, onde tivemos algumas informações sobre a pesca artesanal, o que falta para os pescadores e pescadoras é informação” conta Antônia Joelma Ferreira da Silva, pescadora de Independência. Para ela, cada encontro é um momento de renovação para continuar na luta pelos direitos de pescadores e pescadoras. “Levo daqui esperança, estou com minhas energias renovada para continuar nossa batalha e ver a parceria, união dos pescadores e pescadores mostra que só assim vamos avançar em nossos direitos. Nos fortalece”.
A educadora popular do Conselho Pastoral de Pescadores, Camila Batista avalia o encontro como um espaço de escuta e de articulação de pescadores e pescadoras. “Foi importante ouvir dos pescadores e pescadoras a conjuntura local e a partir daí fazer um processo de articulação nacional. As pescadoras puderam colocar suas demandas que são específicas da luta das mulheres por reconhecimento na pesca”. Além disso, Camila explicou que a roda de conversa possibilitou a identificação de novas parcerias: “podemos identificar novas parcerias que possam somar com a gente melhorias nos territórios tradicionais pesqueiros”, concluiu.

Desde a mística de abertura do encontro, até o momento de avaliação final foi possível enxergar a motivação e a esperança. Os pescadores e pescadoras apontaram o que pensam, quais são as perspectivas e seus sonhos. “Foi falando sobre cerca dentro dos açudes, que é um problema que muitos pescadores e pescadoras sofrem em seu território e temos que construir junto uma solução para tentar resolver e melhorar nossa vida, nosso dia a dia”, expressou Edicarlos Almeida Cavalheiro, pescador de Parambu.
Ainda esteve presente na roda de conversa a assessora jurídica do Coletivo Urucum e Renap Ceará, Cecília Paiva, que falou sobre o processo de assessoria jurídica: “a assessoria jurídica é uma processo e este foi o primeiro passo para se construir uma caminhada. Estou conhecendo a realidades das pescadoras e pescadores e a partir daqui vamos trabalhar com as demandas e necessidades do território”.
O processo de escuta das vivencias de pescadores e pescadoras é importante para identificar as necessidades para construir coletivamente ações de mudança. A roda de conversa reuniu pescadoras e pescadores artesanais dos municípios de Crateús, Tamboril, Catunda, Ipaporanga, Parambu, Quiterianópolis, Arneiroz, Aiuaba, Independência e Novo Oriente. Estiverem presente representantes do Comitê da Bacia Hidrográfica do sertão de Crateús, Cagece, Assessoria jurídica do Coletivo Urucum, Conselho pastoral de Pescadores (CPP), Resab e Secretaria de Assistência Social de Crateús.
Por Comunicação Cáritas
Fotos Anita Dias