“Sim, é por amor à vida que cantamos e tantas vezes choramos também. É por amor à vida que estamos lutando e vamos andando lentamente, para buscar a luz e a liberdade das manhãs de sol!” (Zé Vicente)

Foi por amor à vida que no dia 05 de setembro de 2024, no Anfiteatro da Praça da Catedral Senhor do Bonfim, em Crateús, o Fórum dos Movimentos Sociais de Crateús realizou o 30º Grito dos Excluídos e Excluídas. Articulado de forma diferente, neste ano, as Pastorais, Movimentos Sociais, Cáritas Diocesana de Crateús, Entidades, Instituições, Sindicato dos Professores/as e Servidores/as Municipais, Universitários, Grupos e Associações refletiram e rezaram a luta e a resistência em forma de Vigília. O tema proposto para este ano foi: “Vida em Primeiro Lugar: Todas as formas de Vida Importam. Mas quem se importa?” Reafirmando que todas as formas de vida importam, e que entram na ciranda dos cuidados com a vida. Desde 1994 a Igreja Católica, através da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), convoca toda a sociedade civil para uma reflexão acerca das desigualdades ainda gritantes em nosso país. Ao celebrar o 07 de setembro, estamos celebrando a independência de quem? Enquanto houver pessoas excluídas da participação na construção de um Brasil, onde homens, mulheres, jovens e crianças tenham seus direitos resguardados, se faz necessário ecoar os gritos da exclusão. O Grito dos excluídos e excluídas realizado nesse ano, trouxe as diversas formas de desrespeito à cidadania, como consequência da fragilidade da Democracia que segue sendo ameaçada.

Os Gritos foram apresentados de forma orante e criativa: em versos, poesias, canção…, refirmando a fala de Papa Francisco ao chamar os movimentos sociais de “poetas sociais, porque tendes a capacidade e a coragem de criar esperança onde aparecem o descarte e a exclusão”.

Queremos, gritamos e lutamos por vida e vida em abundância. Vida em abundância e condições dignas de vida, água, terra, alimentação, moradia, saúde, educação, cultura e lazer para todas e todos. Os nossos gritos foram:

– Por políticas públicas que garantam moradia, terra e trabalho. Quantas famílias sem esses direitos, onde possam viver com dignidade e produzir seu alimento e assim garantir soberania e segurança alimentar?

– Por respeito aos direitos já conquistados pelos/as professores/as; direito à negociação de suas pautas, carreira, reposição salarial, concurso público que não ocorre há mais de dez anos;

– Pelo fim da violência contra as mulheres, pela construção de equipamentos como a Casa da Mulher, espaço de acolhimento e Delegacia da Mulher, para que ela tenha uma escuta mais humanizada de suas violências sofridas. As mulheres precisam encontrar apoio e segurança, para serem encorajadas a denunciar todas as formas de violência sofridas por elas;

– Por uma nova economia para o bem comum, que gere vida e não morte, que não exclua, mas que todas e todos sejam incluídos/as;

– Pela vida das crianças, especialmente as mais carentes, é necessário politicas públicas que lhes garantam segurança desde o momento da gestação, cuidando com seu processo de desenvolvimento, e que suas famílias tenham condições de prover suas necessidades, proporcionando um ambiente saudável, sem violência;

– Pelo direito de ter liberdade de escolher a ficar em seu lugar de origem, este é o grito dos/as atingidos/as pela construção do Lago de Fronteiras. As comunidades atingidas exigem que todo o processo de construção do Lago seja dialogado, com informações concretas e corretas, que seus direitos sejam respeitados e que priorizem a vida humana e ambiental.

– Pelo direito de lutar por uma vida digna, por uma sociedade justa e solidária.

Nesses 30 anos de Grito dos Excluídos e Excluídas fomos tomando consciência de que este não é o país que sonhamos, mas que este é o nosso país e é “por amor a esta Pátria Brasil, que a gente segue em fileira”, e em fileira fazer ressoar os gritos de denúncia, mas também anúncio de resistência. É preciso continuar ecoando nossos gritos, unido a tantos gritos que ecoaram nesta semana da pátria, em diversos lugares dentro do Território brasileiro, que alimenta a fé e a esperança para juntos e juntas soltarmos gritos de alegria e de vitória, gritos de justiça. Porque nos importamos com todas as formas de Vida e Entramos na Ciranda dos Cuidados com a Vida.