Conhecer e analisar o significado dos sentidos que as pescadoras artesanais do território de Crateús – Inhamuns dão ao trabalho realizado e que estratégias de sobrevivência as pescadoras têm utilizado para garantir a sobrevivência e a reprodução de suas famílias, foi o objetivo do encontro realizado com as mulheres pescadoras da comunidade de Realejo em Crateús. Era fim de tarde, o sol se escondia e dava lugar à lua nova e as pescadoras se reuniram para reconstruir sua história e (re) criar sua identidade na pesca através de um mural pintado por elas.

No encontro as pescadoras refletiram sobre o dia a dia delas e conversaram sobre seus desafios. A falta de reconhecimento, não só dos pescadores, da sociedade ou do governo, mas também das próprias pescadoras que não se veem como uma mulher pescadora, mas sim como uma ajudante do pescador; a invisibilidade da categoria; a falta de água, a luta nas colônias por mais visibilidade, estes foram os desafios apontados por estas mulheres guerreiras que tem a esperança de ser o que elas sempre foram: pescadoras.

Com a lua nova iluminando no alto as mulheres pescadoras fizeram o “Cuidado do Cuidador”, que é um metodologia usado pela Cáritas Diocesana de Cratéus (CDC) para que as pessoas aprendam a se olhar, a conhecer suas necessidades, seus limites e cuidar de si mesmas.

Em conversa com as pescadoras elas afirmaram que se reconhecer, refletir sobre sua identidade e saber olhar para si como mulher e pescadora é importante para fortalecer a comunidade e o papel da mulher dentro da pesca artesanal. Ainda contaram que o momento de olhar para si, com o “Cuidado do Cuidador” foi importante para mostrar que a pescadora, mãe, esposa também é mulher e precisa dar atenção para si também.

Por Anita Dias

Fotos: Anita Dias