Na primeira semana de março se concluiu a visita de Anna Avidano, responsável pelos Projetos na América Latina da ONG italiana CISV, parceiro da Cáritas Diocesana de Crateús no projeto “Pescadoras e pescadores artesanais construindo o bem viver”. O Projeto é financiado pela União Europeia e além da CISV tem a parceria do Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP). Sua estadia em Crateús, no Ceará, foi intensa, entre visitas ás famílias involucradas na pesca e reuniões com colônias e líderes.

Teve momentos de apresentação em que Anna descreveu os objetivos do projeto e o papel da CISV no desenvolvimento das ações, mas também teve ocasiões de conhecimento e aproximação ao dia a dia das comunidades. “O povo foi muito acolhedor e apesar do forte empobrecimento que vivem, acharam tempo para conversar comigo. Valoro muito esse aspecto”, falou Anna.

As visitas de casa em casa entre almoços e merendas revelaram as duras condições das pescadoras e dos pescadores que esperam a chuva para encher os açudes e melhoras a vida na pescaria.  E não é a única coisa que esperam: o seguro defeso, benefício recebido pelos pescadores e pescadoras na época de reprodução da espécie, não chegou e a frustração aumenta. Entretanto pescadoras e pescadores não tardaram em mostrar a complexidade da situação em a qual o projeto está atuando. “Vi a fragilidade da vida na área, cheguei em uma época de chuva então pude ver o que é ter um açude seco e como isso afeta as comunidades e a alegria que surge com um pouco de água”, continua Anna.

A falta total de proteção para esta categoria e a invisibilidade fazem deste projeto necessário e importante, a avaliação do trabalho que se está consolidando é positiva. “É interessante porque é um processo de base, o objetivo é facilitar espaços de formação e coordenação, mas tudo está nas mãos das pescadoras e dos pescadores”, comenta Anna.

A vida ao redor do açude é precária, com as mudanças climáticas e a falta de políticas públicas não ajudam o acesso ao mercado e dificulta a vida dos pescadores e pescadoras artesanais. Perceber estes desafios e também das conquistas foi o foco da missão que logrou ser um momento de reflexão para toda a equipe do Projeto. Com o acompanhamento da CISV, desde Itália, e o suporte dos parceiros locais, se continuará a criar espaços de liberdade e diálogo para as pescadoras e pescadores.

Anna Avidano visitou pescadores e pescadoras dos municípios de Novo Oriente, Parambu, Tauá e Crateús.

Por: Lorenza Strano

Fotos: Anita Dias