
Por Nelzilane Oliveira/Assessora Estadual – AP1MC
Na manhã desta quinta-feira (06), dentro da programação da 2ª Feira da Agricultura Familiar e Economia Popular Solidária dos Territórios Inhamuns e Crateús, aconteceu o Encontro de Conjuntura da Pesca Artesanal na Região dos Açudes, promovido pela Articulação dos Pescadores e Pescadoras Artesanais dos Açudes (APPAA).
Antes das discussões, o grupo foi convidado a participar de um momento de mística, que trouxe uma reflexão sobre a vida que brota das sementes. O gesto simbólico destacou a força da natureza e a esperança plantada a cada nova geração, seja ela vegetal ou humana.
Em seguida, as/os participantes realizaram uma visita ao viveiro de mudas da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, onde foram recebidos pelo responsável técnico e pelo próprio secretário. Cada pessoa pôde levar consigo uma muda de planta nativa ou frutífera, simbolizando o compromisso com o cuidado ambiental e a regeneração dos territórios.
A atividade seguiu no auditório do Centro de Treinamento, reunindo pescadores e pescadoras de diversas regiões do sertão cearense. Foram partilhadas experiências, desafios e denúncias sobre a realidade enfrentada por quem vive da pesca artesanal nos açudes do semiárido.
“A pesca não dá para ser o sustento de nossa família. Os peixes sumiram desde a semana santa. Por causa da temperatura das águas que está fria na superfície, os peixes ficam no fundo dos açudes”, desabafou seu Toinho, pescador.
Outra fala importante foi da representante da APPAA, “outro grande desafio é um predador, o peixe tucunaré que apareceu e não conseguimos identificar de onde”, afirma Cleide.
A roda de conversa destacou a importância da DAP para os pescadores, o acesso ao SIM, os impactos da ausência de políticas públicas voltadas à pesca artesanal e a necessidade urgente de apoio institucional. A representante Cleidiane, articuladora da APPAA, lembrou que:
“Ter um grupo organizado é um desafio. Mas conseguimos nos organizar, atualmente nossa associação teve uma grande conquista que é fornecer peixe para o PAA/CONAB. Conquista se faz pela ação.”
Além das falas políticas, o encontro foi atravessado por momentos de emoção. Em forma de benção e poesia, uma música foi partilhada com seguinte refrão :
“Ô meu berço sagrado
Quero te bendizer
Onde peço vida
Quero a vida refazer.”
O encontro fortalece a visibilidade da pesca artesanal como parte da economia popular solidária, dos modos de vida tradicionais e da luta por políticas públicas no semiárido.